Com maior interação do público, as ruas de
São Paulo se tornaram verdadeiros palcos.
Por, Fabiana Cruz
"Primeiro ela me aplaudia sem
parar, e comentava algo com sua mãe com os olhos brilhantes, depois, se
aproximou para conversar comigo e disse que quando crescesse queria ser
talentosa e especial como eu.”, assim que Ana Marcia percebeu que deveria
continuar seu caminho na música e que se apresentar nas ruas seria uma ótima
maneira de conhecer pessoas e mostrar seu talento.
Cantores
de rua: essa história é muito antiga
Não sabemos quem foram os
primeiros ou qual estilo musical cantavam, mas sabemos que os cantores de rua estão presentes na nossa sociedade há milhares de anos.
Segundo o autor Jaa
Torrano, do blog Plano de Leitura, há vários registros deixados na Grécia que indicam a presença de artistas
que se apresentavam na rua, alguns exemplos são os Aedos - em grego significa cantor - que existiram na Grécia pré-socrática, artistas que tinham o dom de
“cantar a verdade” e clamar pela presença das musas, acompanhados do som da
Lira e haviam também os Rapsodo, esses, artistas que caminhavam por diversas
cidades recitando poemas épicos.
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homero - artistas de rua na antiguidade (Foto, reprodução site) |
Durante o período
medieval existiam os Trovadores, assim denominados somente quem era de origem
nobre, em contrapartida haviam os Jograis, artistas de origem pobre que usavam
seu talento e transmitiam diversão para o público em praças públicas com as
mais diversas formas e arte.
A arte
na rua nos dias de hoje
Nos dias atuais encontrar pessoas
“fazendo arte” pela rua, se tornou algo de certa normalidade, temos o costume
de achar interessante e algumas vezes colaborar, mas na maioria das vezes ficar
com a curiosidade de quem é a pessoa que está por trás daquele artista.
A maior capital do Brasil também é a
localização onde encontramos um grande número de artistas mostrando sua arte
pelas ruas, e a avenida mais conhecida de São Paulo, Avenida Paulista, durante
todos os dias da semana, é um imenso recanto de artistas, mas dentre todos a
maior parte são músicos cantando e tocando diversos estilos.
Ser um artista de rua é uma profissão
complicada em qualquer lugar do mundo, mas em capitais, no centro da pressa, em volta de todos prédios comerciais, grandes escritórios, demandas
e feedbacks, se torna ainda mais complicado. Para André Martins, cantor que atualmente trabalha nas ruas do Rio de Janeiro, mas já trabalhou em capitais como São Paulo e Brasília, diz " Trabalhar em lugares turísticos é mais fácil, as pessoas estão mais acessíveis e tranquilas, prestam atenção em você com mais intensidade e felicidade.".
E o que leva essa centena de artistas a estarem nas ruas todos os dias? A resposta é doação e amor pela arte!
Um exemplo dessa doação e amor
pela arte é da artista Cindy Nalla, ela tem 22 anos e atua nas ruas de São
Paulo por cerca de um ano. Segundo Nalla “O público sempre é muito receptivo
com o som, a energia compartilhada é sempre positiva, existe um certo
preconceito com arte na rua sim, mas procuro absorver só o que for bom!”.
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Nala se apresentando nas ruas (Foto, divulgação pessoal) |
Nalla,
como é conhecida no mundo da música, descobriu seu talento aos 14 anos, durante
uma gincana da escola onde deveria cantar uma música em inglês, levou o prêmio
e todos os olhares. Entrou no universo dos músicos que atuam na rua a partir de
um convite para entrar na banda Théo Com Sétima, que se apresenta há alguns anos
nas ruas de São Paulo.
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Banda Théo Com Sétima atuando na Avenida Paulista (Foto, Fabiana Cruz) |
Trabalhar com música nas ruas
de São Paulo, ainda é motivo para ser alvo de muito preconceito, mesmo
demonstrando sua arte e passando exaustivas horas pelas ruas, como é o caso da
Ana Marcia, cantora sertaneja que nasceu no interior de São Paulo e há 13 anos
se apresenta nas ruas.
Ela conta que no início da sua carreira o
preconceito tinha proporções bem maiores, as pessoas observavam com desprezo e
não estavam abertas a colaborar com nada, nem com algo que para a cantora, é o
maior combustível para atuar nas ruas, um sorriso. Hoje a cantora
sertaneja se sente acolhida nas ruas, ela se apresenta todos os domingos na
avenida Paulista, e durante a semana em alguns bares ou restaurantes, e diz ter
pessoas que sempre vão de encontro a arte dela para prestigiar exclusivamente
seus shows.
Apresentação Théo Com Sétima
(vídeo, Fabiana Cruz)
A jovem cantora Nalla que
também é compositora, conta que seu maior objetivo é poder viver da música e seu
sonho é ver as pessoas cantando suas composições, sonho esse que Ana, em seus
13 anos de rua já diz ter sido realizado “Pra mim é uma emoção sem limite as pessoas cantando as músicas que componho, uma coisa que faço com tanto
carinho e amor, espalhada na boca das pessoas é incrível, totalmente
gratificante!”.
Plataformas que ligam os artistas aos espectadores
Com o aumento no número de
artistas de rua a internet se tornou um palco alternativo para eles, além de
vídeos divulgados todos os dias e criação de eventos de forma gratuita nas
redes socais, a criação de um site especialmente focado nesse assunto aumentou a
proximidade dos artista com quem os procura.
O site chamado Artistas na Rua
exibe de forma prática e simples um mapeamento de artistas que atuam em todo o estado
de São Paulo.
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Mapa para localização de artistas (Foto, reprodução) |
No site você pode escolher o
que e onde acompanhar as mais diversas apresentações, pode filtrar por músicos,
dançarinos, mágicos e até estátuas vivas, para Ana, o site contribuiu para a
divulgação do seu trabalho e aumentou os laços e distancia dela para seu
público.
Diferente de séculos passados ser um cantor de rua é sim uma maneira
digna e concreta de ganhar a vida, o reconhecimento não para de crescer e a rua
pode ser o passo inicial para a realização de muitos sonhos.
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