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Grupo Rouge e como o seu público reagiu a esse retorno

O desenvolvimento do grupo Rouge e as revira-voltas de sua carreira e seus fãs


Por, Àlexx Soares

COMO TUDO COMEÇOU?

Logo do Programa PopStars, imagem reprodução
         Em 01 de março de 2002 foram abertas as inscrições para o Popstars, um novo programa do SBT, garotas de todo o país que tivessem entre 18 e 25 anos, que soubessem cantar bem, mas que também tivessem noções de dança e o sonho de fazer parte de um grupo de música pop. Também era pedido que elas soubessem cantar em inglês pelo menos uma música para mostrar versatilidade aos jurados. Para fazer a inscrição era necessário preencher uma ficha cadastral que podia ser impressa no site do SBT ou retirada em qualquer agência dos Correios do país, que tinha perguntas como "Por que você quer ser uma Popstar?" e "Por que você acha que deve ganhar o Popstars?". A ficha deveria ser enviada junto com fotos da candidata e um CD, VHS ou DVD gravado sem edições e totalmente ao vivo, para ser avaliado o puro talento das candidatas.
Logo em 27 de abril de 2002 estreou no SBT o programa Popstars, onde tinha como intuito, juntar cinco garotas e formar um grupo pop. Foram mais de 30 mil inscrições pelo Brasil todo.
        O processo de seleção durou seis meses, e lá elas não eram conhecidas pelo seu nome, mas sim pelo seu NIP (Número de Inscrição Popstars), foram várias fases, testes de canto, dança, postura, imagem e comportamento. Tudo isso sendo avaliadas pelos jurados: Liminha, Rick Bonadio, Alexandre Schiavo, Iara Negrete e Ivan Santos.
        Cada etapa era eliminatória e para as desclassificadas, ali se encerrava o grande sonho de se tornar uma Popstar Brasileira. Na última etapa elas foram para uma casa e não tinha mais contato com ninguém de fora. Foi muita luta, choro e saudades da família. Mas dali saiu o Grupo ROUGE, integrado por Aline Wirley, Li Martins, Fantine Thó, Lu Andrade e Karin Hils.

JEFFERSON, O FÃ

           E no meio dessa loucura toda, eis que surge o Jefferson, um garoto de 13 anos, que acompanhou o programa sem perder um episódio, fã declarado do grupo, ele morava com seus pais em São Paulo. Na época, seu maior sonho era ter o primeiro CD do Rouge, “Lembro até hoje eu implorando para a minha mãe de presente o primeiro CD do Rouge, com capa cor de rosa de glitter”, diz ele. Aquele CD era a sensação do momento, mas não era tão comum assim para um menino daquela idade, pelo menos era o que diziam para ele. O Rouge foi sua maior influência positiva, com suas letras que falavam de amor e superação, fez ele levar a vida com brilho maior e esperança em dias melhores.

Foto da capa do CD da banda Rouge, imagem reprodução

O FIM DO GRUPO

           Em meados de 2006, com quatro discos gravados, dois DVD’s, e turnê pelo Brasil todo, foi anunciado o término do grupo. Dizem que o contrato do grupo com a gravadora foi de apenas quatro discos e por isso essa história estava sendo encerrada ali. Cada uma das integrantes seguiu seus próprios caminhos e traçaram novos desafios. E nesses quatro anos, Jefferson seguiu firme e forte como um grande fã do Rouge, chorou muito com a decisão do grupo, assim como todos aqueles outros fãs. Mas ele disse que nunca perdeu a esperança em um retorno do grupo.

O GRANDE RETORNO

             Em 2017, Pablo Falcão (dono da festa Chá da Alice) decide reunir as cinco integrantes para fazer a festa Chá Rouge em comemoração aos 15 anos do grupo. A princípio seriam apenas dois shows, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Mas com esse sucesso todo, os ingressos se esgotaram em apenas 15 minutos, e com isso, resolveram fazer mais um show extra em cada cidade, totalizando quatro shows. 


Fotos do arquivo pessoal de Jefferson


              No show do dia 02 de Dezembro de 2017, em São Paulo, Jefferson aos 29 anos de idade realizou o seu grande sonho de ir a um show do Rouge. Ele disse que se assumiu homossexual aos 16 anos e que aprendeu com as letras das músicas do Rouge sempre a lutar contra o preconceito.
             Ao pesquisar sobre o principal público do Rouge, descobri que são os LGBTQ+, a maioria jovens, que naquela época lá em 2002 quando o grupo foi lançado, eram crianças e não tinha condições de ir ao show, já hoje, todos independentes e cada um com sua história de superação, podem realizar esse grande sonho, assim como o Jefferson realizou.
Foi uma grande conquista o retorno do grupo, como também foi uma conquista a superação de seus fãs, esse retorno só existiu porque a chama de amor nunca se apagou dentro de seus corações.Esses quatro shows não foi o bastante para essa legião de fãs que estavam carentes desse amor por essa espera de 11 anos desde o término do grupo.
            O grupo não tinha pretensão de voltar, até mesmo porque cada uma das integrantes estava seguindo outros caminhos, esse reencontro seria apenas uma comemoração de 15 anos. Mas seu público fiel não deixou isso acontecer, com o tamanho de pedidos de shows e de músicas novas, elas se reuniram e decidiram voltar com o grupo. Nem elas e nem seus fãs sabiam o que poderia acontecer, apenas foram deixando levar. Só nesse retorno que aconteceu a mais ou menos um ano, já foram seis novas músicas gravadas e mais de 40 shows pelo Brasil todo.
      Foram 11 anos na espera por essa volta. E quando aconteceu, foi tanto amor transbordando que elas não conseguiram deixar de agradecer a eles por esse amor todo. Um dos grandes presentes que o grupo deu aos fãs foi a música Dona da Minha Vida , onde na letra diz que cada um pode ser quem quiser e amar incondicionalmente, porque somos todos nós donos de nossas próprias vidas. O publico LGBTQ+ são considerados um dos mais fiéis, foram eles que pediram durante esse tempo todo para que esse retorno acontecesse. Em entrevista para o Multishow, elas disseram que o sucesso do Rouge hoje está muito maior do que foi lá em 2002. “Elas voltaram com tudo e dessa vez parece que foi pra ficar”, diz Jefferson.

Foto reprodução Google

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