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VideoGames: a nova representação cultural

A trajetória de uma das tecnologias mais famosas do mundo e seu papel cultural em relação à sociedade


Por, David Lima


      Os videogames, muito famosos nos dias atuais, já se tornaram uma cultura globalizada. A consolidação desse fenômeno vem acontecendo desde a década de 70, quando começaram a surgir a primeiras animações virtuais com interação do usuário segundo dados do site “Café com História”, a grande roda econômica dessa área hoje é avaliada em 80 bilhões de dólares/ano, números levantados em matéria exibida no “Jornal da Globo”
      Muitos ainda batem o pé, dizem que isso não é cultura, e sim um passatempo, besteira de jovem; afirmar isso sobre um fenômeno que fatura atualmente o dobro do que o cinema lucra com suas bilheterias por ano é um equívoco, é algo grandioso, uma representação cultural e artística cada vez mais notável; é o que o curador da exposição “Era dos Games/2017”, Patrick Moran, declarou na ocasião "Videogames são arte e também podem ser esporte ou um evento social. Acredito que alguns designers têm uma visão muito artística", disse Moran em entrevista ao G1.
     “Videogames”, termo que a maioria dos adultos principalmente os mais velhos, o definem como “joguinho”, mas a real definição é muito mais profunda, eles possuem uma linguagem própria, onde alinham audiovisual com regras lúdicas e interatividade constante e de diversos modos, os jogadores tem uma vasta área de interação com ambientes digitais, com representações e interpretações sociais. A raiz da modalidade tem um tripé, a invenção dos videogames está ligada a raízes históricas, os jogos de tabuleiro e de mesa (modalidades lúdicas); o desenvolvimento da eletrônica e da informática; e do cinema e televisão (mídias visuais).
    O primeiro jogo ou experiência do tipo, foi o desenvolvimento de um simulador de mísseis, em 1947 para um Cathode Ray Tube (CRT), os esforços para desenvolver algo em ambiente computadorizado surgiram sobre aperto à corrida tecnológica e ao universo militar americano, durante a guerra fria.
"Tennis Two", primeiro jogo eletrônico do mundo / foto divulgação
   O primeiro jogo considerado eletrônico foi desenvolvido por William Higinbotham, um cientista membro do Manhattan Project, e foi nomeado de Tennis 10 for Two, lançado em 1958, ele foi criado para uma exposição anual no Laboratório Nacional de Brookhaven quando Higinbotham descobriu que o modelo 30 do computador analógico Donner, destinado à pesquisa governamental na instituição, poderia simular trajetórias com a resistência do vento.   Ralph Baers foi o primeiro a capitalizar essas iniciativas através de seu trabalho na Sanders Associate, que era uma empresa voltada para a produção de equipamentos eletrônicos militar.


 Uma nova era começa

Fliperama “Pong”, marco para história
dos videogames/ foto divulgação
     O marco para a consagração chega a partir da Atari (empresa de vídeo games norte americana) e do grande sucesso de Pong, em 1970, iniciando-se agora a “indústria do videogame”. Os Arcades ganham quase todo o mundo (no Brasil fica conhecido a partir da década de 1980, como “fliperamas”. O perfil dos jogadores era de diversas idades, porem a maioria era a do público jovem, os fliperamas renderam bilhões de dólares para companhias espalhadas por bares e espaços de convívio social, onde reuniam muitas pessoas para jogar e se divertir nas máquinas.


Novos desenvolvimentos

                Produtos das empresas Nintendo e Sega
                                   / foto divulgação
      Os videogames passam por mais um momento de desenvolvimento, com a chegada das décadas de 80 e 90, junto do avanço tecnológico, os aparelhos passaram a ganhar formatos menores, mais leves e baratos, junto deles são criados os consoles, onde se permite que os  jogadores levem a diversão para o conforto de seus lares. Diversos jogos começam a ser produzidos com maior qualidade em imagem, som e interação, para o que se tinha na época. Toda essa evolução fez com que  os videogames se espalhassem  por todo o mundo e começassem a gerar lucros assombrosos. A expansão global dos videogames fez com que muitas empresas de produção de videogame surgissem, tirando assim o protagonismo da pioneira Atari, que perdeu espaço para as mais poderosas empresas japonesas, Nintendo e Sega que revolucionaram a praticidade das “jogatinas”.


 Expansão de horizontes

               Plataformas diferentes e personagens 
                    do jogo Angry Birds/ foto divulgação
     As décadas de 2000 e 2010 trouxeram a expansão de horizontes para as empresas produtoras de consoles, o alcance é ampliado; além de consoles, passamos a ter jogos de computador, celular e vínculos as redes sociais entre outros diversos gadgets, fazendo a expansão chegar a outros públicos, novos e de diferentes níveis sociais e econômicos. Esse novo status fizeram com que as empresas gigantes no ramo de jogos, gerassem custo e rendimentos tão grandes quanto a de filmes de Hollywood. Junto da popularidade da tecnologia, surgem pequenos produtores e programadores, que passam a “piratear” os jogos e os vender por menor custo, tal acessibilidade e facilidade cativa os donos dos consoles que passam a adquirir esses jogos de baixo valor, surgindo assim um dos grandes problemas da nova era de videogames.


Cultura dos jogos
      A cultura se escancara nos jogos no momento em que eles representem visualmente, lugares, cenas e ambientes do passado e do presente, dando ao jogador a sensação de estar no local, naquela época; através de uma viagem virtual e de interação empolgante, muitos jogos são ricos em detalhes, são vivs; tudo muito real. Alguns exemplos são:

Assassin's Creed Unity 

      Assassin'sCreed é uma série de videogame. A premissa central envolve-se a partir da rivalidade entre duas sociedades secretas ancestrais: os Assassinos que desejam a paz através do livre arbítrio e os Templários, que têm o mesmo objetivo mas através da ordem. Ambos tiveram uma relação indireta com uma espécie que viveu antes dos humanos, cuja sociedade foi destruída por uma gigantesca tempestade solar. Misturando personagens e ficção histórica com eventos e figuras reais, a ordem cronológica dos jogos começa em 2012, e fala de Desmond Miles, um jovem que com a ajuda do Animus (uma máquina que permite ver as suas "memórias ancestrais"), explora as memórias de alguns dos mais proeminentes Assassinos da história.

Arco do Constantino, Paris, representado virtualmente no jogo  
                         fonte:www,cadeogame.com.br
 Retirando inspiração a partir do romance Alamut, do escritor esloveno Vladimir Bartol,[1] Assassin's Creed começou como um spin-off da série Prince of Persia. O jogo original foi um esboço para Prince of Persia: The Two Thrones, antes da equipa decidir fazer uma nova propriedade intelectual, incluindo também um cenário no Médio Oriente, baseado no culto histórico de Assassinos Islâmicos activos durante as Cruzadas.A série começou em 2007 com o lançamento de Assassin's Creed e os jogos já foram lançados para várias plataformas incluindo PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One, Microsoft Windows, Mac OS X, Nintendo DS, PlayStation Portable, PlayStation Vita, iOS, HP webOS,[3] Android, Nokia, Symbian, Windows Phone e Wii U. Os jogos principais foram na 
Coliseu de Roma, Itália, representado virtualmente no jogo
  fonte:www,cadeogame.com.br    
sua maior parte produzidos pelo estúdio Ubisoft Montreal com a colaboração do Ubisoft Annecy para o multijogador. Os portáteis já foram produzidos pela Gameloft e Gryptonite Studios com trabalho adicional do Ubisoft Montreal.

A série Assassin's Creed, particularmente os jogos principais, receberam análises muito positivas tanto da critica especializada como do público. Muitos já chamaram a Assassin's Creed "...a série que se destaca na [sétima geração] de consoles". Em setembro de 2016 já tinham sido vendidas mais de 100 milhões de cópias de jogos Assassin's Creed, tornando-se a série mais vendida da Ubisoft e uma das series de videojogos mais vendidas de sempre. Para além dos jogos já foi adaptada para os mais variados média como livros, banda desenhada, roupa, brinquedos e um filme.

GTA San Andreas

GrandTheft Auto: San Andreas é um jogo eletrônico de ação-aventura desenvolvido pela Rockstar North e publicado pela Rockstar Games. É o quinto título principal da série Grand Theft Auto e foi lançado em outubro de 2004 para PlayStation 2 e em junho de 2005 para Xbox e Microsoft Windows. 
             Letreiro de “Hollywood” representado
           graficamente no jogo  GTA SAN ANDREAS  
                 fonte: Screenshot obtida por jogador    
O jogo se passa no estado ficcional de San Andreas, com a história seguindo Carl Johnson em sua luta para lidar com guerras de gangues, confrontos com policiais e as relações com sua família e amigos. O mundo aberto permite que os jogadores naveguem livremente pelas áreas rurais e urbanas de San Andreas.
A jogabilidade é mostrada em uma perspectiva de terceira pessoa e o mundo pode ser atravessado a pé ou com veículos. Os jogadores controlam Carl Johnson, com muitas missões envolvendo tiro e direção. O enredo foi baseado em vários eventos reais que ocorreram em Los Angeles, incluindo a rivalidade entre as gangues de rua Bloods, Crips e hispânicas, a epidemia do tráfico de crack, o Escândalo Rampart do Departamento de Polícia de Los Angeles e também os distúrbios de Los Angeles em 1992. A equipe de desenvolvimento realizou grandes pesquisas  com o objetivo de reproduzir as diferentes cidades dentro do jogo.

    Comparativo entre a Calçada da Fama de Hollywood (acima)
 e a de Los Santos (abaixo)
 representado no jogo/ 
Fonte: imagem tirada de publicação do site “br.ign.com”
San Andreas foi aclamado pela crítica ao ser lançado, com elogios sendo direcionados particularmente para sua música, jogabilidade, história e projeto de mundo aberto. Entretanto, ele gerou grandes controvérsias devido sua violência e conteúdo sexual, especialmente após o desbloqueio por parte de alguns jogadores do minijogo de sexo "Hot Coffee". O título mesmo assim tornou-se o jogo mais vendido de 2004, segundo o “Wikipedia”, 27,5 milhões de cópias foram vendidas e permanece até hoje como um dos jogos mais vendido dos consoles. San Andreas foi considerado um dos títulos mais importantes da sexta geração de consoles, entrando em várias listas de melhores jogos da história e vencendo vários prêmios de Jogo do Ano.
O capricho com a realidade, com o visual, a perspectiva usada, o jogo com luzes e sombra são algo digno de ser considerado cultura e arte.

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